Na maior parte do tempo estamos reagindo às circunstâncias, às pessoas sem nos darmos conta que essas reações surgem de acordo com as nossas experiências anteriores e, portanto em acordo com nossas interpretações, julgamentos e pensamentos. Não somos livres nesse sentido. Estamos presos aos que nossos pensamentos nos dizem sobre saber das coisas e pessoas. A reação é uma resposta a algo que supomos saber e sempre de acordo com nosso estado de espírito do momento. Não temos controle ou imaginamos não ter, as coisas simplesmente acontecem e se mantém num ciclo vicioso onde acabamos nos repetindo sempre. São os ditos “padrões de comportamento e ação”. Nada mais inadequado do que chamarmos reação de ação. A ação não tem nada a ver com nossa realidade criada e acreditada por nós. Ela vem de outra fonte e acontece justamente sem a interferência dos padrões e hábitos mentais. Agir é olhar verdadeiramente para uma situação de maneira nova o tempo todo, é não comparar com situações parecidas, tampouco seguir um hábito mental. Quando agimos não estamos pensando, não temos dúvida. O pensamento não entra para pesar os prós e os contras, não há análise, é espontâneo e indubitável. A ação não vem de uma fonte fragmentada que é o pensamento (interpretação, ideia, sensação), mas de uma fonte criativa e inteligente. Fragmento é tudo que é construído, criado e acreditado por nós, portanto, invenção nossa. Ação é agir com inteligência. Engana-se quem pensa que inteligência tem a ver com pensamento, com teorias, com invenções humanas. Inteligência não é aquilo adquirido através do conhecimento, da comparação, de mente uma fragmentada, não vem do esforço. É natural, nova, espontânea. Vem de um lugar onde não existe a dúvida, nem o medo. É sempre correta e adequada. O esforço de qualquer espécie só reforça o fragmento, ou seja, as construções mentais, as interpretações, as ideias, os pensamentos, é sempre conflito, subjetivo. Fragmento é conflito. Controle é conflito. Todos os esforços: controle, autocontrole, disciplina para alcançar um objetivo, força de vontade, não levam à liberdade. A liberdade é ação e não reação. Somos fragmentados, visto que os pensamentos são sempre fragmentos, estamos presos às nossas próprias ideias e interpretações, vamos de uma ideia a outra pensando e tentando encontrar segurança e certeza, tentando alcançar um objetivo, não conseguimos viver sem ter objetivo e é justamente isso que nos impede de sermos livres, de agirmos. Queremos controlar tudo e vamos criando nossas teorias de como ser e agir no mundo, mas na verdade nunca estamos agindo, somente reagindo. Já sabemos que estamos sempre procurando segurança, mas usamos o pensamento que é fragmento para tentarmos alcançá-la. A mente procura segurança em coisas que não são seguras: ideias, interpretações, pensamentos, ou seja, nos fragmentos. Não vemos que a verdadeira segurança é saber que não existe segurança onde não há inteligência. Como já vimos os pensamentos se alteram o tempo todo, as coisas acontecem sem nosso controle e procurar segurança onde tudo muda o tempo todo, não tem o menor sentido. O entendimento de que a vida é incerteza, dá a certeza e a segurança que a mente tanto procura. A segurança total é a total insegurança. Segurança significa estar num estado em que não existe qualquer escolha, somente ação. A escolha implica conflito, a ação não. A escolha é uma reação. É nesse lugar, fora do domínio da mente, do tempo e do pensamento que a ação acontece. A mente não está ruminando nada, nem criando hipóteses, está quieta, assim age. Segurança é ação, ação é liberdade e liberdade é inteligência. Deneli Rodriguez. 05.04.2017.
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AutoraDeneli. Histórico
February 2024
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